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Berço da humanidade, e lar de diversas culturas desde os tempos antigos, sendo também intenso palco de lutas, invenções e de intenso comércio, o continente africano esteve por muitos anos da história da humanidade subjugado a uma “inferioridade” e descrito por alguns estudiosos como Friedrich Hegel, que afirmou ser a África um continente com “povos incapazes de se desenvolver e de receber uma educação”, assim sendo um “continente sem história”.

Baseando-se nessas supostas fragilidade e incapacidade do povo local, as metrópoles europeias, com destaque para França, Inglaterra, Alemanha e Itália, se inserem em território africano criando colônias que – na teoria – se tornaram independentes entre os anos 60 e 80 do último século, mas que na prática ainda hoje se veem fortemente cercadas pelas intervenções do velho continente e suas ditas práticas salvadoras e libertadoras.

Um exemplo que entrou em evidência na mídia foi o Mali, território colonizado pela França, e que hoje vive um contexto de guerra civil entre os grupos tuaregues, separatista, e Ansar Dine, fundamentalista islâmico, tendo de recorrer a sua antiga metrópole, a partir do interesse de certos grupos. Não se comenta, é que em certo sentido a presença estrangeira foi responsável historicamente pelos fatos que ocorrem hoje, e não é sua intervenção que exonera as questões passadas, como a composição de um estado que desrespeita as unidades antigas e constroem limites na tentativa de imposição de uma comunidade imaginária e não compartilhada.

Ao abarcar experiências históricas diversificadas dentro dos limites impostos a partir de negociações coletivas de amplo interesse próprio dos potentados europeus, encontramos nos Estados Africanos uma fragmentação que veio acelerar tais conflitos. A África Contemporânea resguarda em suas linhas traçadas pelos “ratos” com seus lápis e réguas uma riqueza e problemas que devem ser compreendidos a partir de uma ótica histórica. Por exemplo, a um observador desatento ou mesmo desinformado, que poderia afirmar ser a África um continente marcado pela violência, pobreza e falta de democracia, é necessário fazer importantes ponderações no sentido de contribuir em uma leitura que ultrapasse o que Kabengele Munanga chama de um “olhar jornalístico e etnológico colonial”.

Na medida em que uma parte da África é rica e tem condições de desenvolvimento, outra parte da população sofre por falta de emprego, comida e água, fatores que são em grande medida reflexos do tempo da colonização em que eles eram explorados para enriquecimento de outros. Na verdade, podemos refletir que as riquezas variadas do continente africano, mesmo que estas sejam distribuídas de forma irregular nas regiões, ainda hoje continuam sendo administradas ou potencializadas por uma minoria e pelo capital estrangeiro.

Aos olhos de um leitor atento e possibilitado de ter acesso a leituras diferenciadas do que compõem o quadro geral do continente africano, e de suas experiências individuais e coletivas, é possível realizar interpretações sobre questões históricas que vão muito além da contemporaneidade de um só continente, mas sim fazendo uma leitura global da História da humanidade desde o norte ao sul, do leste ao oeste.

Você leitor já parou para observar como foram desenhados os limites dos países africanos? Fica aqui uma provocação, pegue um mapa ou recorra mesmo à internet para ver de que forma o mapa da África se compôs a partir dos lápis, esquadros e réguas dos roedores europeus...

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- DIÁRIO DE ENTRE RIOS -

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