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Entrevista com Andréa Mascarenhas, professora e pedagoga, pós-graduada em Gestão Escolar, e idealizadora do projeto Mãos e Filhos, que visa acabar com os castigos físicos contra crianças, revela um caminho para educar sem agredir.


Como começou esse movimento e há quanto tempo vocês estão atuando pela causa?

Tudo começou numa ‘visita’ minha à comunidade orkutiana Pediatria Radical. Comunidade séria, que tem como fundadora a Dra. Thelma, pediatra/Brasília e escritora, entre outros títulos, de O Livro da Maternagem. A comunidade é de mães, pais e profissionais interessados em interagir e cooperar na busca da saúde integral da criança, por meio do bom senso e do conhecimento das leis da natureza. Entre outros temas, é contra a humilhação e castigos físicos; foi lá que aprendi que ‘bater em criança é covardia’ e que existem formas de educar e de dar limites sem dor.

Do conhecimento, veio a mudança de postura como mãe e, juntamente com ela, a inquietação para compartilhar com outros pais e mães todo o aprendizado adquirido. Foi assim que nasceu o projeto Mãos e Filhos, inicialmente aplicado na Escola Recanto Infantil, no final do ano de 2010, e expandido nos anos seguintes a todas as escolas municipais, inclusive na zona litorânea e rural. Era a mensagem ‘Não bata; eduque’ sendo semeada nos corações e mentes de muitos pais e mães.

Qual o número de membros e/ou parceiros?

Com o trabalho de palestras nas escolas, o projeto ganhou adeptos. Já não era apenas eu. Obtive o apoio da Secretaria de Educação e de Roberval Rosário, conselheiro tutelar. Em meados de 2011, ganhei um grande parceiro no projeto, Rodrigo Souza, professor e estudante de Psicologia, e que topou palestrar comigo, levando aos pais a importância da Afetividade; uma forma de dar continuidade ao trabalho. Inspirado no Projeto surge, em 2013, o Grupo Entre Rios Contra a Violência Infantil, administrado por Sérgio Gabriel. Os membros do grupo ainda estão em fase de ‘encontro’, tanto virtual como presencialmente, e organização de ideias e ações, para em breve irem para as ruas da cidade, levar informações e lutar pelos direitos das crianças e dos adolescentes de serem educados sem o uso da força física e humilhações.

Qual a missão do projeto?

A missão do projeto Mãos e Filhos é contribuir para o fim da prática dos castigos físicos e humilhantes, especificamente no meio familiar, desmistificando, inclusive, a "palmada educativa" e apontando caminhos para uma educação sem dor e sem violência.

Quais os trabalhos específicos para realizar esta missão?

Esse trabalho envolve algumas ações principais: Inicialmente, aplicamos uma pesquisa com pais e responsáveis pelas crianças, colhendo informações sobre práticas utilizadas no disciplinamento dos filhos. Com os resultados em mãos, partimos para as escolas e realizamos palestras e momentos de conversa com pais e mães.

Com a criação do grupo, estamos organizando uma caminhada, a acontecer em breve, pelas ruas da nossa cidade, com distribuição de panfletos e informativos sobre a temática. Existe o plano da criação de uma ONG, mas ainda está no papel...

Quantas crianças/famílias se beneficiam do projeto?

Embora tenhamos atingido, com nossas palestras, já quase dois mil pais/mães, não dá pra estimar o número de crianças que são beneficiadas pelas ações do projeto, pois não há como prever ou comprovar a mudança de postura dos pais dentro de seus lares. Porém, se em cada trabalho realizado conseguirmos a mudança de uma família que seja, sentimos que já valeu a pena, visto que não é simples desconstruir ideias e hábitos, que se baseiam em um contexto histórico que vem de gerações... O que não dá mesmo é para ficar de braços cruzados, enquanto as crianças sofrem nas mãos dos pais agressores.

Como está sendo por em prática esse trabalho?

Realizar essa missão não é simples como parece. Na prática, temos várias dificuldades. Uma delas é a falta de pessoas que realmente ‘vistam a camisa’. O hábito, impregnado na mente das pessoas, que diz que é preciso bater para educar, não é fácil de ser combatido. O que fazemos é um trabalho de formiguinha; é um semear duro, porém prazeroso, pela sensação de ‘dever cumprido’.

Existe algum apoio, público ou privado?

Atualmente, temos a Secretaria de Educação e a Prefeitura Municipal, que nos apoia com toda a logística. Temos a parceria, também, de Val Sonorização, e estamos firmando outras neste ano.

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- DIÁRIO DE ENTRE RIOS -

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