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Aquele chão não gostava de ser só chão. Ele reclamava para si, que todos o vissem para além de um simples chão. Brincava consigo mesmo e com as formigas que passeavam em torno do seu corpo metrificado de chão. Ele não queria ser depósito de lixo, ou de ser apenas lembrado por ser onde passa a todos os anos a velha procissão. O chão queria e podia ser mais que chão, e agradecia naquela tarde às árvores por deixá-lo mais colorido na primavera, no outono, ou até mesmo no verão. Aquele chão viu que ao ser chão, não precisava ser apenas espaço para os passos da multidão. O chão não podia ser apenas ou simplesmente mais somente chão. Talvez, um dia ele entenda que o problema esteja é nos olhos daqueles que não tem chão. É nesse dia que ele deixará de ser chão para os olhos que ainda o vêem apenas como chão.

Por Leandro Lins

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